sexta-feira, 5 de março de 2010

O que minha filha quis dizer

Eu me formei em Informática na era dos dinossauros. Foram anos difíceis de computadores sem HDs, sem “Ruindows”, enfim, sem nosso pai-todo-poderoso Bill Gates.
Nos últimos anos, tudo evoluiu vertiginosamente e eu fui obrigada a acompanhar as novidades por ser professora de informática e ter a pequena tarefa de manter atualizados meus alunos de 4 a 70 anos. Achei, durante muitos anos, que tinha conseguido, até que, semana passada, minha filha de 15 anos me enviou um e-mail do qual não consegui entender nem a metade.
Não foi porque a linguagem fosse muito técnica, foi simplesmente porque ela colocou um monte de “internetês”. Aviso que você não vai a achar essa palavra no dicionário, então vamos entrar nesse mundo fantástico das palavras abreviadas, inventadas e modificadas do inglês, para melhorar um pouco o vínculo com nossos adolescentes que ficam grudados no computador falando essa linguagem incompreensível pra nós, simples mortais.
Tentando decifrar o que minha linda filha queria me dizer, fui pesquisar no Google (lembrem sempre: o Google é meu pastor, nada me faltará) e achei na Wikipédia um minidicionário de internetês para português:
PQ: Por que, Por quê, Porque, Porquê.
VC: Você
XAU: Tchau
KBÇA: Cabeça
N, Ñ, NAUM: Não
BJ, BJS, BJOS, JOKS, JOCAS: Beijo, Beijinhos, Beijos, Beijocas
BLZ, BLS: Beleza
AKI: Aqui
Q: Que
EH: É
AXO: Acho
HAHA, HEHE, KKK, SHUASHUAHSUAS, RSRSRSRS, LMAO, ROFL: Risadas
FMZ: Firmeza
AGR: Agora
JG: Jogo
HJ: Hoje
FLA: Fala
S: Sim
P/: Para
T+: Até mais
NOVIS, NOVAS: Novidades
FLW, FLOWS: Falou
VLW: Valeu
ABÇ: Abraço
ABS: Abraços
TD: Tudo
NECAS, ND: Nada
Achei o máximo! Essa nova forma de escrita que está pulando do computador e invadindo as salas de aula e a TV também está deixando os estudiosos de nossa língua divididos: alguns acham esse novo linguajar uma ameaça para o bom uso do idioma, outros, no entanto, acham uma excelente ferramenta para ajudar a reduzir os excessos da ortografia, alegando que pode tornar a comunicação mais eficiente.
Eu, no meio dessa guerra de opiniões e ainda tentando traduzir o texto do e-mail enviado pela minha filha, fico com a opinião do Marcelo Tas: “Tenho um verdadeiro laboratório em casa, que são três filhos em idades diversas. Penso que todo pai, em vez de temer o internetês, deveria temer a falta de comunicação e afeto com seus filhos. Tem muito pai que reclama de o filho ficar grudado ao computador, à TV ou ao videogame, mas não faz o menor esforço para oferecer nada de qualidade em troca. Qual pai oferece uma parte do dia, ou mesmo 15 minutos, de atenção exclusiva, de qualidade, a seus filhos? Esse é o ponto”.

Por: Depoimento de: Marisa Guimarães – Designer – Porto de Galinhas/PE

Um comentário:

  1. Me preocupa muito a facilidade que a rede promove, principalmente em relação a meus filhos, que frequentemente se trancam no quarto e ficam bravos quando eu entro.

    Yuria Matos - MT

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